Não sei se é impressão minha ou se, realmente, o número de moradores de rua em Santos aumentou de maneira assustadora. É possível encontrar adultos, idosos e crianças em situações de total abandono, esquecidas pelas autoridades. Não vou usar esse espaço para falar sobre o “incômodo” (é dessa maneira que muitos reagem) que a triste realidade causa na maioria das pessoas. Mas gostaria de fazer uma reflexão sobre o lado social e, acima de tudo, humano. No centro da cidade são diárias as cenas, às vezes degradantes, pela qual essas pessoas passam. Pedir um trocado, catar qualquer material que possa ser vendido e até remexer o lixo são uma constante. O pior de tudo é que esse cenário é ignorado por grande parte da população (inclusive eu!). No meu mundinho seguro e confortável, penso: “Quem são essas pessoas? Qual a história de vida delas? Será que elas têm família?”. Perguntas que eu mesmo não tenho coragem de fazer diretamente.
Lembro-me de uma reportagem investigativa que fiz no 2°. ano de faculdade. O tema era “O café dos pobres” e contava a história de uma entidade (foto) que distribui café da manhã para pessoas carentes e moradores de rua. Para realizar o trabalho com informações concretas, fui orientado sobre a necessidade de conhecer o assunto bem de perto. Então, num dia entrei na fila juntamente com os demais. Logo de cara eles perceberam que eu não fazia parte daquela rotina e alguns até demonstraram certa hostilidade.
No começo, não entendi o porquê dessa reação. Mas, conversando com uma profissional da área, compreendi melhor qual a sensação dessas pessoas. A explicação da assistente social Elaine Cristina Menezes Oliveira foi a seguinte: “Infelizmente, quando um indivíduo procura este tipo de auxílio, é porque se encontra em uma situação constrangedora. Tem um sentimento de inferioridade e sem expectativas de inclusão na sociedade”. Precisa falar mais alguma coisa? Agora, só falta descobrir como solucionar as outras questões...
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