terça-feira, 20 de outubro de 2009

A arte de fazer cobertura (e não é de chocolate)


Neste mês de outubro, uma das tragédias mais vinculadas nos meios de comunicação completa um ano. O drama da adolescente mantida refém pelo ex-namorado, junto com uma amiga, dentro de um apartamento em Santo André, ganhou ares de novela. Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, ficou conhecida no país todo após mais de 100 horas de cativeiro, que terminaram com um final nada feliz: a morte da garota.
Muito se falou na época sobre uma eventual falha na negociação comandada pelo Gate. Diante da invasão frustrada, que não impediu que o cárcere terminasse com as duas reféns baleadas, sempre se ventilou sobre o que teria acontecido se a polícia tomasse uma postura diferente. Neste mundo cheio de “se”, cabe também uma reflexão sobre o papel da imprensa. Parece que não, mas muitas vezes o que se decide nas redações pode mudar a cara de muitos eventos e entrar para a história. De forma positiva ou negativa.
Manter a população informada é ótimo, chega até ser necessário, principalmente para aqueles que acreditam que um mundo mais justo pode vir de um povo com mais conhecimento. Mas isso não quer dizer que se está livre de encontrar uns probleminhas pelo caminho. “Se o tomador de refém fica sabendo, por intermédio da imprensa, de todos os passos que a polícia está tomando do lado de fora, isso é prejudicial para a negociação”, explica o tenente-coronel Prado, comandante do 39º Batalhão da Polícia Militar, que geralmente comanda, na região, as negociações que envolvem reféns. A discussão esbarra em um ponto sempre sensível dos jornalistas, que é o controle de informações. Jornalista que é jornalista tem neura de censura. Traumas à parte, é necessário ter sempre em mente que mais importante do que a informação são aqueles que vão recebê-la.

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